Saturday, July 7, 2007

E pões
tanto e tudo o que sabes,
o que ouvirdes de tanta gente
que por fim
te encontras só.

Não és mais
compreendido pelos
que a ti rodeiam.

E partes
para procurar outro
lugar, onde podes
então ser entendido.

Mas mesmo lá,
onde tem tanta
gente, descobres
que não há iguais
a ti.

Sem destino vagarás
pois por teres esquecido
que gente é porto
escolheste a solidão
do oceano.

Descobres que não
sabes tanto.

Thursday, May 17, 2007

Buscar

Não que queira saber tudo
Nem insistir teimoso
Mas mesmo passando o tempo
Pergunto o que é o gostoso.

O gosto, gosto mesmo esse simples
Gosto pelo mar, pela mulher
Pelo amor, por sentir gostoso
Gosto pelo beijo e o prazer medroso.

E não é sinônimo de vida?
Gostar da hora amiga,
Até de diferente
Gostar do que ninguém gostaria.

De escrever, pisar na areia fina
Lamber o oposto sexo, nadar na piscina,
Rir, gostoso ver o belo sorriso da menina.

Tem o gosto santo
De entrar na velha igreja
Do pic-nic na estrada
Do sol e da madrugada.

Tão ali no copo de vinho
No velho sapato largo
No livrinho lido, lido, lido e rabiscado.

Ao contrário estamos a perder,
Não se liga mais ao amigo
Nem descalço na grama
Ou por quinze minutos parado
Olhando uma árvore paina.

Estamos no gosto da pressa
Do trabalho que não leva a nada,
Da vigília contra ladrões
Da ocupação, do difícil e da farda.

E tudo nem é de assustar
Muitos andam pelo caminho
Com o gosto de ir sozinho
Sem ter o gosto completo
Tendo alguém ao lado ou perto.

O gosto ao gosto futuro
Viver bom gosto ao mundo
E ter um gosto, assumo
De ir buscando em tudo.

Wednesday, February 21, 2007

quando não tornarem borboletas as lagartas, e flores abrirem pálidas.
quando não significar alegria o sorriso, e não for mais macia a boca da mulher...

quando não quiserem ficar os pais com os filhos, e juízes puderem ser vendidos.
ah, esse dia tudo estará perdido.

quando não puderem avós levar à praça netos, quando a maior importância derem aos objetos,
nosso fim estará perto.

quando a ganância fizer sacerdotes, e a fome condenar poetas à morte,
a humanidade virará em outra.

voltarão os homens as cavernas, uma turba será todo o povo, e alguém riscando as paredes,
fará tudo começar de novo.

Thursday, February 8, 2007

Muitas vezes de tanto conviver acha que não vão vê-lo. É desse encontro entre o displicente vulto e o cético com boa visão que nascem as lendas. Perceba que nesse mundo não há só o que se pode ver bem.
A luz criou as sombras, os vultos são sua evolução.
Não são seres, nem vivos nem mortos, muito leves, de variados tamanhos. Não precisam da água nem do ar, não sofrem com o frio e podem durar o tempo do raio ou milhares de anos.
Viajam entre os planetas e as estrelas e reconhecem a natureza. Nossa comunicação é confusa, eles poderiam aceitar a ciência, mas a ciência não conseguiu entendê-los embora apresentados de várias maneiras.
Foram os vultos que resolveram dar ao homem raciocínio, mas assustados nós mantivemos o pensar no limite. Há 200 anos não aceitávamos os micróbios. Demoraremos 2000 anos para reconhecer vultos.

Monday, January 29, 2007

sacrifício das folhas
para que árvore sobreviva
no inverno se matam

Monday, January 22, 2007

Vultos existem muitos, mas o pior é o vulto lento, aquele que quase se consegue ver, que está no canto do olho quando se acende a luz de madrugada ou ainda não se escondeu debaixo da cama quando estamos acordando. Vulto que arrepia esse que demora a voltar ao escuro, é o vulto lento que muda a opinião dos que não acreditam em fantasma.Vultos existem muitos, se ainda não pode vê-los não aceite fácil que seu quarto não os tenha, talvez os de lá sejam apenas rápidos, acredite o pior é o vulto lento.

Saturday, January 20, 2007

Presidentes
banham-se
em piscinas de chôro

Thursday, January 18, 2007

Fração da noite/ um quarto/ e dois inteiros dividindo-se

Wednesday, January 10, 2007

Fast sun
at night
goes to Japan

Sunday, January 7, 2007

Eu queria ter sido Sócrates, ter sido Platão, Aristóteles ou Jesus Cristo.
Queria ter sido Shumaker, já pensou, Spilberg ou Albert Einstein.
Eu podia ter sido Bill Gates, seria um Jean Paul Sartre. No mínimo queria ter sido o Charles Chaplin.
Mas não fui nenhum desses, não fui Ghandi e não fui Bin Laden, não fui nenhum Beatle, nem Hendrix ou Hiroíto.
Não serei nenhum desses caras, não namorei a Elisabeth Taylor, nem casei com a Maria Callas, Acabei não sendo Churchil ou Mandela, nem a Marilyn me cantou nada.
Não fiquei famoso, nem ao menos Paulo Coelho. Mesmo assim alguma coisa deu certo, isto é, além de ter tido filhos e cachorros, se tivesse sido qualquer um desses, não teria conhecido você.

Wednesday, January 3, 2007

Abaixou, pegou uma pedra e atirou.
Fez um barulho seco. O gigante caira já desacordado. A menina correu, o farmacêutico viu, gritou: Chame o soldado, vamos levar o corpo pra santa casa.
Dois dias depois, em frente a venda, o homenzarrão sentava à mesa com a cabeça enfaixada.
A menina não aguentando mais de remorço, morrendo de medo agachou-se na soleira.
-Quero falar com o senhor, é sobre a pedrada.
-Chegou tarde, filha. Já me contaram quem foi.
Fez cara de desentendida, voltou calma pra casa.
Dia seguinte morria de tiro o Timóteo. Todo mundo sabia que ele vivia brincando com pedra e mexia com a mulher do farmacêutico.